30 de novembro de 2007

Longevidade impõe novos desafios às seguradoras

Ellen Cordeiro, para o Valor, de São Paulo

Em palestra proferida na Expo Management, realizada em São Paulo no início de novembro, o professor Joseph Coughlin, fundador do laboratório de Estudos do Envelhecimento do Massachusetts Institute of Technology - MIT Agelab, observou que, antigamente, uma pessoa era considerada velha depois dos 40, faixa que subiu para 60 anos atualmente, com perspectiva de se chegar aos 90 anos, com saúde. Segundo seus cálculos, cerca de 20% da população das Américas terá mais de 60 anos em 2025, proporção que chegará a 33% na Europa no período.

Coughlin ressalta a importãncia de as empresas se prepararem para um público consumidor mais velho. O motivo é simples: os "baby boomers", nascidos no período de prosperidade e expansão demográfica subseqüente ao fim da Segunda Guerra Mundial, começam a superar a barreira dos 40 anos e formam um contingente de consumidores mais exigentes não só em relação a produtos, mas também a serviços. "É uma faixa etária com maior poder aquisitivo, mais seletiva e menos Bel a fornecedores e marcas", afirmou.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem acompanhado esta tendência de aumento da longevidade anualmente, desde 1999. O resultado segue a tendencia mundial: em 1980, a expectativa de vida da população brasileira era de 62,6 anos. Em 2005, passou a 71,9 anos.

Esse crescimento constante da expectativa de vida tem reflexo direto nos negócios das segur adoras, que contam com a tábua atuarial, ou biométrica, como instrumento de trabalho. Uma vez estabelecida, a tábua, que expressa a probabilidade de ocorrência de eventos relacionados à sobrevivência, invalidez ou morte daqueles que querem participar de um plano de previdência privada, não pode ser alterada. Pelo menos, até agora. O Conselho Nacional de Seguros Privados aprovou resolução que permite sua atualização periódica.

Para a criação da nova tábua a que está em vigor é de 2002-, a Superintendência de Seguros Privados (Susep), responsável pela fiscalização e controle do mercado de seguros, encomendou estudo à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), segundo informações de César da Rocha Neves, do Departamento Técnico Atuarial da Susep. "Conforme a resolução do conselho, foi escolhida uma entidade de excelência reconhecida, mas a aprovação, ou não, das mudanças propostas pelo estudo caberá à Susep."

Em relação ao impacto do aumento da expectativa de vida da população para as seguradoras, Neves observou que existem provisões para fazer face à questão. De acordo com dados da Susep, desde 2002 até setembro de 2007 as provisões da previdência privada passaram de R$ 29,51 bilhões para R$ 112,37 bilhões, ou seja, um crescimento de 280%, quando o aumento no número de contribuintes foi de 87% e o de contribuição, de 97%.

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